quarta-feira, 4 de abril de 2018

UFSCar realiza encontros para famílias de pessoas com altas habilidades

Próxima reunião mensal acontece em 4 de abril no prédio da Educação Especial

A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) realiza encontros mensais voltados ao empoderamento de familiares e/ou cuidadores de pessoas com altas habilidades. As atividades, gratuitas e abertas a todas as pessoas interessadas, são realizadas por docentes e estudantes vinculados ao curso de Licenciatura em Educação Especial da Universidade, sob a coordenação de Rosemeire de Araújo Rangni, docente do Departamento de Psicologia, atuante na Licenciatura e, também, no Programa de Pós-Graduação em Educação Especial (PPGEEs) da Universidade.

Pessoas com altas habilidades são aquelas que demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. Também apresentam elevada criatividade e grande envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse. Rosemeire Rangni destaca a importância de, uma vez detectada a precocidade, prover estímulos específicos à criança com altas habilidades. Ela destaca também que tanto o diagnóstico quanto essa oferta de oportunidades devem ser fruto de um trabalho conjunto entre escola e família. "Essas crianças em geral têm uma comunicação e uma verbalidade muito mais evoluídas do que outras na mesma faixa etária. Em outros casos, elas caminham mais cedo, ou falam mais cedo, ou têm facilidade para leitura. São muito curiosas, conversam sobre assuntos que não são propriamente para a idade em que se encontram. Perguntam muito e têm muita energia, o que, não raro, acaba por confundi-las com crianças hiperativas", descreve a professora da UFSCar.

A atividade de extensão coordenada por Rangni, realizada desde 2016 e intitulada "Espaço de empoderamento para famílias de pessoas com altas habilidades", tem justamente o objetivo de empoderar familiares e cuidadores de crianças e jovens com altas habilidades, em um espaço de informação e debate sobre o assunto e a respeito do direito ao atendimento educacional especializado. Os próximos encontros deste ano acontecem nas seguintes datas, sempre das 18 às 20 horas, no prédio da Educação Especial, na área Sul do Campus São Carlos da UFSCar: 4/4, 2/5, 6/6, 8/8, 5/9, 3/10, 7/11 e 5/12. Não é necessário fazer inscrição e mais informações podem ser obtidas pelo e-mail rose.rangni@uol.com.br.

Especialista dá dicas para educar crianças superdotadas

Resolver problemas de matemática em um instante. Tocar música de ouvido. Que pai nunca fantasiou ver o filho desenvolver uma super-habilidade, que facilitasse seus caminhos pela vida? Pois de vez em quando, isso acontece! E nas mais variadas classes sociais. Não há números precisos, mas estima-se que cerca de 3% das crianças apresentam as chamadas "altas habilidades". 

Entretanto, nem tudo é alegria na vida de um superdotado e de sua família. Ser portador de altas habilidades é uma característica de poucos e pode causar estranhamento. "Pais de superdotados relatam que o convívio na escola às vezes provoca irritação e inveja nos colegas. Sem falar nos pais dos outros alunos, que podem achar que a família da criança superdotada é arrogante ou que a estimula em excesso", explica Adriano Gosuen, psicólogo escolar, especializado em saúde mental e direitos humanos pela Organização Mundial de Saúde (Índia), e consultor do Ético Sistema de Ensino (www.sejaetico.com.br), da Editora Saraiva. 

De acordo com o especialista, a criança com altas habilidades pode se entediar facilmente com as rotinas escolares, apresentando comportamento inadequado em sala. Também há a possibilidade de que ela venha a usar sua alta habilidade para atacar e humilhar os colegas. Por tudo isso, a escola precisa ter um cuidado especial com os estudantes que apresentam superdotação.


"A primeira tarefa é observar continuamente o desenvolvimento das crianças. Não é incomum que algumas apresentem interesse mais focado em uma ou outra área da vida, desproporcional em relação às outras crianças, como aprender palavras novas ou conhecer mais sobre os bichos. Dado seu empenho e motivação, elas irão, consequentemente, apresentar maior desempenho nestas áreas", destaca o especialista. 
Mas como diferenciar a criança que tem altas habilidades da que tem grande interesse por um tema? O uso de testes pode indicar certas competências, mas eles não devem ser vistos como o principal método de avaliação, tampouco como diagnóstico taxativo, alerta Gosuen. "A principal avaliação se baseia em registros comparativos de desempenho da criança com suspeita de portar alta habilidade em relação às outras de sua idade. Quase sempre aquela muito habilidosa tem um desenvolvimento geral relativamente próximo das demais crianças, destoando fortemente em uma área específica", explica. 
Para a pessoa ser classificada como superdotada, esta competência deve destoar claramente do que ocorre com as demais crianças de sua idade, podendo ser comparada com a competência de crianças mais velhas. Isso aparece na capacidade de entender conceitos matemáticos que não são próprios de sua idade ou em aprender a ler quase sem ajuda de ninguém. A alta habilidade também pode aparecer na rapidez com que se aprende a tocar um instrumento musical ou a desenhar com destreza para além do que seria esperado em sua idade, exemplifica o especialista.
"Por ser diferente, a criança com alta habilidade pode vir a sofrer. Então, mais do que ter um diagnóstico conclusivo, o importante é que os que estão ao seu redor cuidem do bem-estar dela", esclarece Gosuen. Para finalizar, ele dá duas importantes dicas para os pais ou responsáveis que têm crianças superdotadas: colocá-las para frequentar a escola regular, a fim de desenvolver as habilidades na qual sua competência é apenas mediana, e estimulá-la a realizar atividades complementares instigantes e desafiadoras em sua área de alta competência, como cursos de línguas ou de artes plásticas e treinamento esportivo. 

Serviço:
Ético Sistema de Ensino (www.sejaetico.com.br)
Redação Bonde

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Alunos com altas habilidades ganharão cadastro nacional


Para atender todos os estudantes superdotados do país, o Ministério da Educação trabalha na criação de um cadastro nacional que reúna as principais informações sobre eles. O objetivo é desenvolver políticas públicas que de fato alcancem esse público e que proporcionem o pleno desenvolvimento do seu potencial. Este é um dos temas de destaque do Encontro Nacional de Formação Continuada para os Núcleos de Atividades de Altas Habilidades e Superdotação (NAHHS), que termina nesta sexta, 1º.
A criação do cadastro está prevista na Lei nº 13.234, de 2015. Para fazer com que as políticas cheguem aos estudantes superdotados, o MEC, no segundo semestre deste ano, fez um levantamento sobre esses alunos, que estão na rede de educação básica e superior. A partir desses dados, foi desenvolvida a proposta de cadastro. O censo escolar de 2016 registrou 15.995 estudantes com altas habilidades em todo o país.
“Temos ainda grandes desafios nessa área, como identificar esses alunos”, pontua a secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi/MEC), Ivana de Siqueira. “A falta de identificação interfere muito no processo de aprendizagem e, muitas vezes, eles são tidos como hiperativos ou desinteressados, com casos de repetência e até de evasão escolar, uma vez que não encontram o apoio de que precisam no ambiente escolar”.
Potencialidades – De acordo com a secretária, a meta é, até o início de 2018, concluir a proposta de cadastro, que, num segundo momento, será submetida a consulta pública e enviada à Presidência da República. “É uma área de muita importância, porque são talentos que nós estamos desperdiçando por não canalizar bem as potencialidades desses alunos, por não os conhecer e não ter como atendê-los. Precisamos fazer um investimento grande na formação de professores para eles saibam identificar e como trabalhar com esses alunos. ”
A professora Olzenir Ribeiro, que trabalhou no diagnóstico dos NAAHS e participa do encontro, acredita que o cadastro será importante para identificar e resolver os pontos mais sensíveis que envolvem o tema. “A tendência é a gente pontuar para ampliar [o atendimento]”, explica. Representantes de todas unidades da federação trabalham nesse sentido – como Denise Matos, do Departamento de Educação Especial de Altas Habilidades da Secretaria de Educação do Paraná, que reforça:  “[É importante que] a gente saia com um material de informação interessante para poder traçar e ampliar as políticas no estado”.
O encontro dos NAAHS é promovido pela Diretoria de Políticas Públicas de Educação Especial do MEC. Além da discussão sobre o Cadastro Nacional de Altas Habilidades, a programação do evento inclui oficinas, relatos de experiências e debates.
Assessoria de Comunicação Social 

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Como identificar e estimular uma criança com altas habilidades?

Estima-se que no Brasil existam 2,5 milhões de alunos com altas habilidades ou superdotação nos ensinos fundamental e médio. No entanto, o Censo Escolar de 2010 identifica apenas 11 mil estudantes.

                               

Não é simples chegar ao diagnóstico porque os sinais podem ser confundidos com problemas como dislexia, déficit de atenção ou outros transtornos de aprendizagem.
Os superdotados têm raciocínio e aprendizagem rápidos, são curiosos, pesquisadores natos. Na infância, tendem a querer conviver mais com os adultos e podem ter problemas de interação social. Muitos apresentam baixo desempenho escolar por acharem as aulas desestimulantes e sem nenhum desafio.
Dicas rápidas aos professores de como identificar alunos superdotados
Reserve alguns minutos para listar os nomes dos alunos que logo vêm à sua mente quando você lê as descrições abaixo. Utilize essa lista (preparada pelo MEC) como uma "associação livre" e de forma rápida. É provável que você encontre mais do que um estudante em cada item.
Quem exibir consistentemente vários dos comportamentos tem fortes chances de apresentar altas habilidades.
  • Aprende fácil e rapidamente.
  • É original, imaginativo, criativo, não convencional.
  • Está sempre bem informado, inclusive em áreas não comuns.
  • Pensa de forma incomum para resolver problemas.
  • É persistente, independente, autodirecionado (faz coisa sem que seja mandado).
  • Persuasivo, é capaz de influenciar os outros.
  • Mostra senso comum e pode não tolerar tolices.
  • Inquisitivo e cético, está sempre curioso sobre o como e o porquê das coisas.
  • Adapta-se com bastante rapidez a novas situações e a novos ambientes.
  • É esperto ao fazer coisas com materiais comuns.
  • Tem muitas habilidades nas artes (música, dança, desenho etc.).
  • Entende a importância da natureza (tempo, Lua, Sol, estrelas, solo etc.).
  • Tem vocabulário excepcional, é verbalmente fluente.
  • Aprende facilmente novas línguas.
  • Trabalhador independente.
  • Tem bom julgamento, é lógico.
  • É flexível e aberto.
  • Versátil, tem múltiplos interesses, alguns deles acima da idade cronológica.
  • Mostra sacadas e percepções incomuns.
  • Demonstra alto nível de sensibilidade e empatia com os outros.
  • Apresenta excelente senso de humor.
  • Resiste à rotina e à repetição.
  • Expressa ideias e reações, frequentemente de forma argumentativa.
  • É sensível à verdade e à honra.
A Revista "Nova Escola", da Editora Abril, em uma reportagem sobre alunos Portadores de Altas Habilidades e Superdotação, apresenta 24 "Dicas de como identificar alunos Superdotados".

Texto de Selma Carvalho


quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Inglês na infância estimula raciocínio e pode aumentar QI

Crianças têm mais facilidade na hora de aprender novo idioma, mas confusão de grafias e sons pode surgir e pais devem ficar atentos.


Não há malefícios na alfabetização em duas línguas ao mesmo tempo, mas é importante dar preferência para a língua materna. Foto: Shutterstock

Já pensou como seria ter aprendido a somar em inglês na escola? Atentas aos benefícios que a alfabetização em uma segunda língua pode proporcionar à criança, diversas instituições estão investindo no ensino bilíngue, especialmente na língua inglesa, considerada essencial em qualquer currículo. Se está pensando em colocar seu filho desde pequeno para aprender uma segunda língua, mas tem medo de que isso atrapalhe outros aprendizados, não se preocupe: para especialistas, quanto mais cedo o primeiro contato com a língua, mais facilmente ele irá conseguir se expressar - e melhor tende a ser a capacidade de raciocínio, também em outras matérias.

Quando a criança completa três anos, está no ápice para aprender outro idioma e poderá pensar e se expressar como um nativo. Aos 11 anos, o processo vai ficando mais complicado, e a situação se agrava a partir dos 15 anos. Segundo estudo promovido pela empresa de educação e tecnologia Rosetta Stones em 2011, além da pronúncia próxima a de um nativo, as crianças alfabetizadas em inglês podem apresentar maior quociente de inteligência (QI), e também há a possibilidade de prevenir doenças senis, como Alzheimer.

A pesquisa identificou, ainda, maior facilidade, proatividade e rapidez de escolhas, por exemplo. Neuropsicóloga e professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Sylvia Ciasca explica que o cérebro é mais estimulado quando há o ensino de duas línguas ao mesmo tempo. Quando se aprende uma língua, naturalmente o circuito da leitura se une ao da escrita. No caso de aprender mais de um idioma, esse processo se potencializa. Além disso, se o pequeno aprender outras matérias, como matemática, em outra língua, isso também pode proporcionar maior estímulo e motivação para outros estudos.

Outro levantamento feito por cientistas da Kings College e da Brown University e divulgado no "Journal of Neuroscience" explica que crianças têm mais facilidade para aprender outro idioma antes dos quatro anos de idade, já que é nesta fase que as ligações entre os neurônios se desenvolvem para processar novas palavras.

Sylvia diz que não há malefícios na alfabetização em duas línguas ao mesmo tempo, mas que é importante dar preferência para a língua materna. Caso a criança apresente dificuldades, como confusão com sons e grafias próximas das línguas, deve-se ter cuidado. “O importante é sempre respeitar o tempo de cada criança”, ressalta.

Para a gerente de pesquisa e desenvolvimento pedagógico da escola de idiomas Number One, Ana Regina Fonseca de Araújo, o ensino deve seguir a mesma lógica da língua materna. O local, que possui cursos a partir dos dois anos, ensina os pequenos por meio de músicas e brincadeiras. Ana explica que o aprendizado deve ser feito associando as imagens a um conceito. “Os pais não podem traduzir as palavras. A tradução pode retardar e bloquear o aprendizado”, alerta. Caso os pais queiram ajudar a melhorar o inglês do filho, podem conversar com eles, caso conheçam o idioma. “Os pais são a maior identificação das crianças. Se os pais possuem conhecimento, eles vão pensar que querem ser como eles”, explica. Brincadeiras, filmes e músicas também podem ser um ótimo “homework”.

Fonte: Terra Educação

Por que a curiosidade melhora a aprendizagem das crianças?



Recentemente, pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, conduziram uma série de experimentos para descobrir o que exatamente acontece no cérebro quando a nossa curiosidade é despertada. Para o estudo, os pesquisadores avaliaram os participantes sobre o quão curiosos eles estavam para saber as respostas de mais de 100 perguntas triviais, tais como “Qual música dos Beatles ficou mais tempo nas paradas?” ou “O que realmente significa o termo ‘dinossauro’?”. Em determinados pontos ao longo do estudo, ressonâncias magnéticas foram realizadas para ver o que estava acontecendo no cérebro dos participantes quando eles se sentiam curiosos para saber a resposta de alguma pergunta.

O que essas experiências revelaram? Aqui estão dois dos mais importantes achados:


1. A curiosidade prepara o cérebro para a aprendizagem
Embora não seja uma grande surpresa saber que estamos mais propensos a lembrar o que aprendemos quando o assunto nos intriga, foi verificado que a curiosidade também nos ajuda a aprender informações que não consideramos tão interessantes ou importantes.


Os pesquisadores descobriram que, uma vez que a curiosidade foi despertada por alguma pergunta, indivíduos tiveram mais facilidade para aprender e lembrar informações completamente independentes. Um dos co-autores do estudo, Dr. Matthias Gruber, explica que isso acontece porque a curiosidade coloca o cérebro em um estado que lhe permite aprender e reter qualquer tipo de informação, que motiva o aprendizado.

Portanto, se um professor é capaz de despertar a curiosidade dos alunos sobre algo que eles são naturalmente motivados para aprender, eles estarão melhor preparados para aprender coisas que eles normalmente consideram chatas ou difíceis. Por exemplo, se um aluno tem dificuldade em matemática, personalizando problemas de matemática para coincidir com seus interesses específicos em vez de usar perguntas de livros didáticos genéricos poderia ajudá-lo a lembrar como resolver problemas de matemática semelhantes no futuro.


2. A curiosidade torna a aprendizagem subsequente mais gratificante
Além de preparar o cérebro para a aprendizagem, a curiosidade também pode tornar o aprendizado uma experiência mais gratificante para os alunos.


Os pesquisadores descobriram que quando a curiosidade dos participantes havia sido aguçada, não foi registrado somente aumento da atividade no hipocampo, que é a região do cérebro envolvida na criação de memórias, mas também no circuito do cérebro que está relacionado a recompensa e prazer. Este circuito é o mesmo que é estimulado quando conseguimos algo que realmente gostamos, como doces ou dinheiro, e ele depende da dopamina, a substância química do “sentir-se bem” que transmite a mensagem entre os neurônios e dá-nos uma espécie de euforia.

Assim, instigar a curiosidade dos alunos não só os ajuda a lembrar as lições que poderiam passar por um ouvido e sair pelo outro, mas também pode tornar a experiência de aprendizagem tão prazerosa quanto tomar um sorvete ou ganhar dinheiro. É claro que a maioria dos professores já sabem instintivamente a importância de fomentar mentes curiosas, mas ter embasamento científico é inegavelmente satisfatório.
Fazer a pergunta certa

Naturalmente, ainda existem algumas coisas que permanecem pouco claras sobre o papel de curiosidade na aprendizagem. De um lado, os cientistas ainda não conseguiram determinar os seus efeitos a longo prazo. Por exemplo, se a curiosidade do aluno é estimulada no início de um dia de escola, será que vai ajudá-lo a absorver melhor as informações durante todo o dia? Outra coisa que os pesquisadores estão ansiosos para investigar é por que algumas pessoas são naturalmente mais curiosas do que outras, e quais os fatores que mais influenciam o quanto curiosos somos.

Então, ao invés de ir diretamente para as respostas, vamos tentar começar as aulas com perguntas que instiguem e incentivem os estudantes a pesquisar para saber suas respostas. Quais são as perguntas que tendem a despertar uma maior curiosidade entre os seus alunos?
Fonte:Porvir

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Crianças Superdotadas: como identificar e lidar com elas

O que é a superdotação?

A superdotação é um fenômeno que se caracteriza por uma elevada capacidade mental e um nível de performance significativamente superior à média. Nos Estados Unidos, o sistema educacional tem o objetivo de identificar estudantes, crianças, ou jovens que demonstram grandes habilidades na área intelectual, criativa, artística, capacidade de liderança ou em determinadas áreas acadêmicas específicas, e que precisam de serviços e atividades normalmente não fornecidos pela escola, a fim de desenvolver plenamente essas habilidades. A OMS (Organização Mundial de Saúde) estima que entre 3,5% a 5% da população brasileira seja composta de superdotados.

Como é medido o grau de superdotação?

O grau das capacidades mentais pode ser medido através de uma escala padronizada de Q.I. (Quociente de Inteligência), e nos indivíduos superdotados o Q.I. é superior à 130, sendo que a média para a população geral é 100 a 110. Entretanto, a caracterização de um indivíduo superdotado vai muito além do QI, um número atribuído por um sistema padronizado, e deve envolver a análise aprofundada da personalidade e das habilidades da criança.

Seria possível ensinar uma criança até se tornar superdotada?

Diferentemente de uma habilidade, que pode ser adquirida através do aprendizado, a superdotação é entendida como um talento, uma aptidão inata; ou seja, o indivíduo nasce superdotado, e necessitará de um ambiente que lhe ofereça condições para exercer essas capacidades de forma adequada. Estes indivíduos, além das elevadas capacidades intelectuais, criativas ou artísticas tem forte espírito de liderança, e frequentemente se destacam numa determinada área acadêmica. Sabe-se que se trata de um fenômeno com marcadores genéticos, porém a vivência num ambiente com melhores recursos e estímulos promovem um desenvolvimento cada vez maior das capacidades mentais do superdotado.

Os superdotados são bons em tudo que fazem?

Os superdotados não precisam ser bons em todas as áreas. A superdotação pode ser geral ou específica para alguma área do conhecimento. Por exemplo, uma pessoa pode apresentar uma capacidade extraordinária em matemática ou na música, porém na área linguística, suas competências não serem igualmente superiores.

Quais são as principais características das pessoas superdotadas?

Embora não exista um padrão comportamental homogêneo entre os indivíduos superdotados, há um conjunto de características que podem servir como indicativos na avaliação da superdotação. Vale ressaltar que os superdotados podem apresentar diversas dessas características, mas não necessariamente todas elas. Os traços observados são os seguintes:
  • Desenvolvimento neuropsicomotor precoce: a criança engatinha, anda e fala mais cedo do que o esperado, com vocabulário avançado para a idade;
  • Habilidade superior para manutenção da atenção;
  • Ótima capacidade de memória com elevada e rápida capacidade de aprendizagem;
  • Persistência e motivação para a resolução de problemas;
  • Aquisição precoce da leitura;
  • Habilidade acima da média com números e aritmética;
  • Curiosidade incomum, desejo de aprender e capacidade de elaborar questionamentos de forma ilimitada;
  • Interesses em áreas específicas, podendo tornar-se especialista no assunto;
  • Criatividade;
  • Sensibilidade elevada, podendo apresentar fortes reações em relação a parte sensorial (ruídos, odores, dores), e especialmente à frustração;
  • Comportamento de liderança;
  • Energia elevada, o que pode ser confundido com hiperatividade, especialmente quando não estimuladas adequadamente;
  • Aguçada percepção de relações de causa e efeito;
  • Facilidade para estabelecer generalizações, ou seja, transferir aprendizagens de uma situação para outra;
  • Elevado senso crítico: rapidez em identificar contradições e inconsistências;
  • Pensamento divergente: habilidade em encontrar diversas idéias e soluções para um mesmo problema;
  • Tendência ao perfeccionismo.
Há diferenças no cérebro das pessoas superdotadas em comparação às pessoas com inteligência normal?

Uma pesquisa conduzida pelo National Institute of Mental Health, nos EUA, mostrou diferenças no desenvolvimento cerebral de crianças com Q.I. elevado, quando comparadas com crianças com inteligência normal. Esse estudo apontou, através do uso de Ressonância Magnética, que a córtex cerebral de crianças com Q.I. superior a 121, atingia sua espessura máxima mais tarde do que o esperado. Por exemplo, aos 12 anos de idade, ao invés de 8 a 9 anos, em média, e após atingir essa espessura, o processo de maturação do córtex ocorria numa velocidade muito mais rápida. Tendo em vista que o córtex cerebral é a estrutura responsável pelas funções mentais mais complexas, e a área cortical pré-frontal relacionada ao planejamento, organização e controle, os dados da pesquisa podem explicar a facilidade da criança em resolver problemas de grande complexidade.

O superdotado pode se deparar com algum tipo de dificuldade?

As crianças superdotadas podem eventualmente sofrer de problemas no ajustamento socioemocional. Uma vez que o desenvolvimento das capacidades mentais e intelectuais encontra-se muito acentuado, e incompatível com os pares da mesma idade, é comum que o superdotado tenha prejuízos na interação social, devido a dificuldade em compartilhar os mesmos interesses. Alguns acabam por se relacionar com crianças mais velhas ou adultos, ou até mesmo podem apresentar um grande apreço pela solidão. Se a criança superdotada não for auxiliada pela família ou até mesmo por um profissional para lidar de modo adequado com sua condição, esse desajuste socioemocional pode evoluir para problemas de personalidade ou até depressão e ou traços de agressividade.

Como lidar com um filho superdotado?

É no campo emocional que se encontram algumas das maiores demandas dessas crianças, e dessa forma, os pais devem auxiliá-las a ter um desenvolvimento psicológico mais saudável possível. A superdotação só oferece vantagens se os aspectos psicossociais se encontram ajustados.

Quais são as dicas para os pais?
  • Oferecer um ambiente com recursos que estimulem continuamente as capacidades mentais da criança;
  • Evitar a supervalorização e as expectativas quanto ao desempenho da criança; ela mesma, em geral, já é muito exigente, e os pais devem aceitar falhas e ajudar a criança a enfrentar dificuldades de qualquer ordem.
  • Ajudar a criança a lidar com frustrações emocionais; apesar do superdotado não passar por dificuldades no aspecto acadêmico, o fracasso faz parte de outros contextos da vida, e prepará-lo para isso é favorecer seu desenvolvimento emocional saudável;
  • Não se esquecer que, embora possua capacidades avançadas para sua idade o superdotado deve ser tratada de acordo com a sua faixa etária de desenvolvimento.
O que fazer se você suspeita que seu filho é superdotado?

Caso você perceba que seu filho está muito diferente dos amigos, e que sua capacidade de aprendizagem e habilidade mental são elevadas, leve-o para fazer uma avaliação específica com um psicólogo experiente neste assunto. Uma avaliação neuropsicológica poderá precisar se as potencialidades estão realmente acima da média de outras crianças.

A partir de que idade é possível avaliar?

A padronização dos testes de QI (Escala Weschler para crianças - WISC), com tabelas normativas existe a partir dos 6 anos completos. Antes desta idade é possível fazer uma avaliação qualitativa, mas para o cálculo do QI é necessário que a criança tenha 6 anos completos.

O que um psicólogo habilitado pode fazer para ajudar?

Um psicólogo treinado pode: a) detectar possíveis pessoas altamente habilidosas por meio de avaliações específicas; b) no caso de crianças, orientar suas famílias e professores; c) encaminhar crianças altamente habilidosas à escolas que possam suprir a necessidade de estimulação, enviando relatórios das avaliações feitas nas diferentes áreas; d) orientar, aconselhar e encaminhar superdotados, desafiando-os a se desenvolver psicologicamente de forma global.
Caso ainda tenha interesse de se aprofundar no assunto, veja abaixo alguns links interessantes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS