quarta-feira, 4 de abril de 2018

UFSCar realiza encontros para famílias de pessoas com altas habilidades

Próxima reunião mensal acontece em 4 de abril no prédio da Educação Especial

A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) realiza encontros mensais voltados ao empoderamento de familiares e/ou cuidadores de pessoas com altas habilidades. As atividades, gratuitas e abertas a todas as pessoas interessadas, são realizadas por docentes e estudantes vinculados ao curso de Licenciatura em Educação Especial da Universidade, sob a coordenação de Rosemeire de Araújo Rangni, docente do Departamento de Psicologia, atuante na Licenciatura e, também, no Programa de Pós-Graduação em Educação Especial (PPGEEs) da Universidade.

Pessoas com altas habilidades são aquelas que demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. Também apresentam elevada criatividade e grande envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse. Rosemeire Rangni destaca a importância de, uma vez detectada a precocidade, prover estímulos específicos à criança com altas habilidades. Ela destaca também que tanto o diagnóstico quanto essa oferta de oportunidades devem ser fruto de um trabalho conjunto entre escola e família. "Essas crianças em geral têm uma comunicação e uma verbalidade muito mais evoluídas do que outras na mesma faixa etária. Em outros casos, elas caminham mais cedo, ou falam mais cedo, ou têm facilidade para leitura. São muito curiosas, conversam sobre assuntos que não são propriamente para a idade em que se encontram. Perguntam muito e têm muita energia, o que, não raro, acaba por confundi-las com crianças hiperativas", descreve a professora da UFSCar.

A atividade de extensão coordenada por Rangni, realizada desde 2016 e intitulada "Espaço de empoderamento para famílias de pessoas com altas habilidades", tem justamente o objetivo de empoderar familiares e cuidadores de crianças e jovens com altas habilidades, em um espaço de informação e debate sobre o assunto e a respeito do direito ao atendimento educacional especializado. Os próximos encontros deste ano acontecem nas seguintes datas, sempre das 18 às 20 horas, no prédio da Educação Especial, na área Sul do Campus São Carlos da UFSCar: 4/4, 2/5, 6/6, 8/8, 5/9, 3/10, 7/11 e 5/12. Não é necessário fazer inscrição e mais informações podem ser obtidas pelo e-mail rose.rangni@uol.com.br.

Especialista dá dicas para educar crianças superdotadas

Resolver problemas de matemática em um instante. Tocar música de ouvido. Que pai nunca fantasiou ver o filho desenvolver uma super-habilidade, que facilitasse seus caminhos pela vida? Pois de vez em quando, isso acontece! E nas mais variadas classes sociais. Não há números precisos, mas estima-se que cerca de 3% das crianças apresentam as chamadas "altas habilidades". 

Entretanto, nem tudo é alegria na vida de um superdotado e de sua família. Ser portador de altas habilidades é uma característica de poucos e pode causar estranhamento. "Pais de superdotados relatam que o convívio na escola às vezes provoca irritação e inveja nos colegas. Sem falar nos pais dos outros alunos, que podem achar que a família da criança superdotada é arrogante ou que a estimula em excesso", explica Adriano Gosuen, psicólogo escolar, especializado em saúde mental e direitos humanos pela Organização Mundial de Saúde (Índia), e consultor do Ético Sistema de Ensino (www.sejaetico.com.br), da Editora Saraiva. 

De acordo com o especialista, a criança com altas habilidades pode se entediar facilmente com as rotinas escolares, apresentando comportamento inadequado em sala. Também há a possibilidade de que ela venha a usar sua alta habilidade para atacar e humilhar os colegas. Por tudo isso, a escola precisa ter um cuidado especial com os estudantes que apresentam superdotação.


"A primeira tarefa é observar continuamente o desenvolvimento das crianças. Não é incomum que algumas apresentem interesse mais focado em uma ou outra área da vida, desproporcional em relação às outras crianças, como aprender palavras novas ou conhecer mais sobre os bichos. Dado seu empenho e motivação, elas irão, consequentemente, apresentar maior desempenho nestas áreas", destaca o especialista. 
Mas como diferenciar a criança que tem altas habilidades da que tem grande interesse por um tema? O uso de testes pode indicar certas competências, mas eles não devem ser vistos como o principal método de avaliação, tampouco como diagnóstico taxativo, alerta Gosuen. "A principal avaliação se baseia em registros comparativos de desempenho da criança com suspeita de portar alta habilidade em relação às outras de sua idade. Quase sempre aquela muito habilidosa tem um desenvolvimento geral relativamente próximo das demais crianças, destoando fortemente em uma área específica", explica. 
Para a pessoa ser classificada como superdotada, esta competência deve destoar claramente do que ocorre com as demais crianças de sua idade, podendo ser comparada com a competência de crianças mais velhas. Isso aparece na capacidade de entender conceitos matemáticos que não são próprios de sua idade ou em aprender a ler quase sem ajuda de ninguém. A alta habilidade também pode aparecer na rapidez com que se aprende a tocar um instrumento musical ou a desenhar com destreza para além do que seria esperado em sua idade, exemplifica o especialista.
"Por ser diferente, a criança com alta habilidade pode vir a sofrer. Então, mais do que ter um diagnóstico conclusivo, o importante é que os que estão ao seu redor cuidem do bem-estar dela", esclarece Gosuen. Para finalizar, ele dá duas importantes dicas para os pais ou responsáveis que têm crianças superdotadas: colocá-las para frequentar a escola regular, a fim de desenvolver as habilidades na qual sua competência é apenas mediana, e estimulá-la a realizar atividades complementares instigantes e desafiadoras em sua área de alta competência, como cursos de línguas ou de artes plásticas e treinamento esportivo. 

Serviço:
Ético Sistema de Ensino (www.sejaetico.com.br)
Redação Bonde