terça-feira, 15 de abril de 2014

Inclusão de alunos superdotados e com altas habilidades

INCLUSÃO NA ESCOLA

Entenda como o aluno pode ser incentivado a desenvolver cada vez mais o seu talento, sem deixar de se incluir na rotina escolar e na convivência com os colegas

05/09/2013 15:15
Texto Cynthia Costa
Educar
Foto: Maurício Melo
Foto: INCLUSÃO
Alunos superdotados precisam ser desafiados sempre


Incentivo é a palavra: para uma criança que adora aprender e ser desafiada, a escola tem de se preparar para estar sempre um passo à frente - o que é bom para ela, para a criança e para todos os seus colegas. Dois professores por turma e, principalmente, uma sala de recursos capacitada para desenvolver as mais diversas facilidades são possíveis ferramentas para acolher alunos com altas habilidades e superdotação.

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"Para lidar com esses alunos, é preciso fundamentar-se teoricamente e focar em seu desenvolvimento humano", ressalta a professora de artes Maria Zuleide Vieira de Sousa, da Sala de Recursos - Talentos do Centro de Ensino Médio Elefante Branco, de Brasília (DF), considerado modelo nesse campo por acolher alunos da própria escola, de outras instituições públicas e também de colégios particulares.
A formação dos professores de fato fica sob os holofotes diante de estudantes com altas habilidades. "O ideal é que a criança não sinta como se soubesse mais do que o professor", aponta o psicólogo Felipe de Souza, de Juiz de Fora (MG), que fez uma pesquisa sobre o assunto.

Com o auxílio desses profissionais e de materiais especializados do Ministério da Educação, o Educar aborda aqui aspectos importantes da inclusão escolar desses alunos. Veja a seguir.

1 - Diagnóstico
Para entender a superdotação e as altas habilidades, é preciso lembrar, em primeiro lugar, que crianças são muito inteligentes e curiosas. Elas só serão consideradas superdotadas quando apresentarem uma habilidade muito acima da esperada para a sua idade, ou mesmo um talento único para qualquer idade - pode ser um talento musical apurado, uma grande facilidade para desenho ou outras artes, uma raciocínio matemático extremamente rápido etc. Em geral, essa característica é notada pelos pais e pelos professores. O passo seguinte é encaminhar a criança a um psicólogo ou psicopedagogo, que, por meio de testes e de um acompanhamento contínuo por determinado período, fará ou não o diagnóstico de superdotação.

2 - Características gerais do superdotado
A criança ou o adolescente com superdotação ou altas habilidades possui, além de um talento e interesse marcante por uma determinada área, algumas ou muitas das seguintes características: habilidade para pensamentos abstratos e associativos; grande capacidade de transferir o aprendizado para situações reais; atitudes colaborativas; grande capacidade de articulação, síntese e análise de conceitos; tendência à inovação; tendência à liderança e à organização e estruturação de grupos; capacidade de observar fenômenos; capacidade de compreender outros pontos de vista; percepção geral apurada. Além disso, pode apresentar dificuldades como: intolerância e oposição ao meio; resistência a imposições e à autoridade; não aceitação da superficialidade, da falta de estrutura e da rotina; dificuldade com situações que considere enfadonhas.

3 - Meu filho/aluno é um gênio?
A ideia de gênio é um tanto mítica: em geral, ela é usada para definir pessoas que fizeram grandes bens à humanidade ou que, pelo menos, mudaram o curso da história. Em princípio, crianças que apresentam superdotação e altas habilidades não são gênios, e esse estigma pode não ser benéfico a elas. O ideal é considerá-las como indivíduos com facilidades e talentos específicos e, principalmente, com grande potencial. Se esse potencial for bem desenvolvido, ele pode, sim, trazer benefícios à sociedade - daí a importância de incentivar essas crianças com atenção e cuidado.

4 - Persepção do talento
Segundo o documento "Saberes e Práticas da Inclusão - Desenvolvendo Competências Para o Atendimento Às Necessidades Educacionais Especiais de Alunos com Altas Habilidades / Superdotação", do Ministério da Educação, o professor, paralelamente à família, é o principal responsável pela percepção de talentos específicos entre os seus alunos, por isso é importante que fique atento. Só assim poderá encaminhar o aluno com altas habilidades para a sala de recursos, de modo que as suas competências sejam desenvolvidas e aproveitadas. Porém, é imprescindível ressaltar que a criança pode apresentar uma alta habilidade específica - para música, por exemplo - e continuar sendo uma aluna de desenvolvimento típico nas outras disciplinas. Portanto, o seu aprendizado deve ser tratado normalmente, com o mesmo incentivo dado a todos os alunos.

5 - Aprovação exagerada ou indiferença: extremos a evitar
No caso das altas habilidades e da superdotação, notam-se dois riscos opostos a que a criança está sujeita: ou a aprovação exagerada, ou a indiferença por parte de pais e professores. De um lado, há os que elogiam demais, mostrando-se "maravilhados" e extremamente orgulhosos com o talento da criança; do outro, os que, depois de alguns ótimos resultados, já consideram o sucesso da criança esperado e até obrigatório. Essas atitudes extremas são perigosas e podem inibir a vontade da criança de aprender, ou até mesmo desanimá-la e afastá-la dos estudos. Lembrando: o desenvolvimento de cada aluno deve ser medido dele para consigo mesmo, e não em relação a outros. O aluno com altas habilidades também terá os seus desafios e, no melhor dos cenários, tentará se superar cada vez mais.

6 - Dupla excepcionalidade
É possível que a criança que apresente superdotação também tenha outra condição particular, como autismo, hiperatividade ou alguma deficiência, sem que uma coisa seja relacionada à outra. É importante não confundi-las, e apenas profissionais - psicólogo, psicopedagogo e/ou médico - podem fazer os diagnósticos e acompanhamentos corretos. No caso de dupla excepcionalidade, a inclusão escolar ganha novos contornos, e os pais devem envolver a escola na questão. Atenta a isso, a escola tem de fazer o possível para que a criança aprenda e se sinta incluída nas atividades e com os colegas.

7 - Escola bem preparada
"Assim como alunos com deficiências, o aluno com superdotação ou altas habilidades também está fora da média - não se trata de ‘aluno mediano’", expõe o psicólogo Felipe de Souza, doutorando da UFJS. É por isso que, para todos os casos de inclusão, a abertura da escola às diferenças é essencial. E, em se tratando de altas habilidades, coordenadores e professores são convidados a um desafio: informar-se e formar-se cada vez mais, para ficar ao menos um passo à frente do aluno. "Para trocar conhecimentos com os meus alunos, preciso também me manter extremamente informada sobre as suas áreas de interesse", confirma a professora Zuleide. Uma possível ajuda é manter dois professores na classe em que haja crianças com altas habilidades/superdotação, pois isso evita a sobrecarga sobre um só profissional.

8 - Sala de recursos
Para o aluno com altas habilidades, a sala de recursos é um instrumento essencial, seja ela dentro ou fora de sua escola regular. É nesse ambiente que ele terá a sua habilidade estimulada e desenvolvida, e onde dará vazão à grande curiosidade que o caracteriza como aluno. Ali, ele também não se sentirá obrigado a nada, pois não terá aulas, mas sim orientações. "Meu trabalho com o aluno parte daquilo que ele já traz, de um interesse que já tem", explica a professora Maria Zuleide, completando: "Na sala de recursos, desenvolvemos os seus talentos e descobrimos outros". Caso a escola de seu filho não disponha de uma sala de recursos, procure saber com a Secretaria de Educação de sua cidade para onde ele pode ser encaminhado - em geral, ele irá frequentar a sala de recursos uma vez por semana, no período do dia oposto ao que ele estiver na aula regular.

9 - Exemplo de trabalho
A professora de artes Maria Zuleide, que trabalha na sala de recursos de talentos da CEMEB, de Brasília, ilustra o trabalho desenvolvido com crianças com altas habilidades com o seguinte exemplo, em referência a um estudante do Ensino Fundamental I: "Um aluno que adore desenhar dinossauros, por exemplo. Não basta que ele os desenhe à perfeição. É importante incentivar o seu desenvolvimento, orientando-o a pesquisar sobre tudo relacionado a um dinossauro de sua preferência: entender o seu habitat, como vivia e até a sua extinção". Assim, o conhecimento é expandido e diversificado e, ao mesmo tempo, a curiosidade e capacidade de aprendizado do aluno são também satisfeitas.

10 - Acompanhamento psicológico
Na maioria dos casos em que a criança apresenta superdotação e altas habilidades, o acompanhamento psicológico pode ter um papel fundamental em sua vida. Com a ajuda de um profissional, ela compreenderá melhor o seu lugar no mundo, como pode desenvolver as suas habilidades e como lidar com as pessoas à sua volta. Muitas escolas oferecem esse apoio psicológico; caso não, os pais podem procurá-lo fora do ambiente escolar.

11 - Convivência com outras crianças
Ao contrário do mito de que "gênios" são difíceis, muitas crianças com superdotação e altas habilidades têm facilidade para lidar com os colegas e até uma tendência à liderança. Por outro lado, serem estigmatizadas como "geninhos" e/ou elas mesmas se sentirem acima dos amigos da escola são aspectos que podem dificultar a convivência, por isso o acompanhamento psicológico e uma atitude atenta por parte de pais e professores é imprescindível. É sempre bom ressaltar que a criança com uma determinada facilidade também tem as emoções e a inexperiência características de sua idade. "Às vezes até os pais se esquecem disso, mas a criança com altas habilidades também precisa desenvolver passo a passo o seu aspecto emocional, como qualquer outra pessoa", reforça a professora Maria Zuleide.

Estudante de 14 anos descobre como fazer os EUA economizarem US$ 400 milhões


Suvir Mirchandani, um estudante de 14 anos de Pittsburg (EUA), conseguiu o que os especialistas financeiros têm tentado por décadas – reduzir substancialmente os gastos do governo americano. Quanto é “substancialmente”, você pergunta? US$ 400 milhões, cerca de R$ 902 milhões no câmbio atual.
Para economizar todo esse dinheiro, Suvir sugeriu que o governo dos EUA simplesmente mudassem sua fonte, de Times New Roman para Garamond, ao imprimir documentos oficiais. Como cada letra impressa é mais leve e fina com Garamond, a fonte usa 25% menos tinta.
Suvir teve a brilhante ideia enquanto trabalhava em um projeto de feira de ciências em sua escola. Ele estava procurando uma maneira de usar informática para promover a sustentabilidade ambiental. Depois de muita pesquisa, ele decidiu descobrir se havia uma maneira minimizar o uso de papel e tinta. “Tinta é duas vezes mais cara do que perfume francês em volume”, disse o jovem. Então, ele coletou amostras aleatórias de apostilas em sua escola e estudou as letras mais usadas: E, T, O, A e R.
O estudo incluiu quatro fontes diferentes: Garamond, Century Gothic, Times New Roman e Comic Sans. Suvir mediu quantas vezes as letras foram usadas em cada uma dessas fontes, e usou uma ferramenta comercial chamada APFill para descobrir a quantidade de tinta utilizada para cada letra.
Em seguida, imprimiu versões grandes das letras, e as pesou para verificar os dados (em três tentativas diferentes). Os resultados da análise foram surpreendentes – ele descobriu que traços mais finos da Garamond poderiam ajudar sua escola a reduzir o consumo de tinta por 24%, economizando cerca de US$ 21.000 por ano (R$ 47 mil).
A professora de Suvir ficou impressionada com seu trabalho e incentivou-o a publicar suas descobertas. O Jornal de Investigadores Emergentes (JEI, na sigla em inglês), fundado por estudantes de graduação de Harvard em 2011, aceitou o artigo.
Quando os revisores do JEI leram o estudo, perceberam que os resultados foram claros, simples e bem pensados, e começaram a se perguntar sobre o potencial de poupança em uma escala maior – a federal.
Suvir então começou a analisar páginas de amostra de documentos oficiais, e o resultado foi o mesmo, só que com números incompreensíveis – as despesas de impressão anual dos governos dos EUA (estadual e federal), de US$ 1,8 bilhões (R$ 4 bi), poderiam ser reduzidas por significativos US$ 400 milhões.
Então, o que o governo americano está esperando? Segundo Gary Somerset, relações públicas do Government Printing Office (Escritório de Impressão do Governo americano), o trabalho de Suvir foi notável, mas não é possível comprometer-se a mudar o tipo de fonte oficial. Ele vai concentrar os esforços do escritório em mudar mais conteúdo para a web. “Em 1994, estávamos produzindo 20 mil exemplares por dia. Vinte anos depois, nós produzimos aproximadamente 2.500 cópias impressas por dia”, disse. Gary também apontou que o escritório usa papel reciclado para toda a sua impressão.
Claro, o projeto do jovem Suvir poderia cortar muito mais custos. Mas o garoto entende que coisas como essas não mudam durante a noite. “Eu definitivamente gostaria de ver algumas mudanças reais e ficaria feliz em fazer o possível para viabilizá-las. Os consumidores que imprimem em casa podem fazer essa alteração também”, diz.
Então, antes de imprimir qualquer coisa, lembre-se de mudar a fonte para Garamond, primeiro. [OddityCentral]