terça-feira, 29 de agosto de 2017

Especialistas ensinam como identificar e educar crianças com inteligência acima da média

Responda rápido: o que Einstein, Mozart, Garrincha, Bill Gates e Paul McCartney têm em comum? Todos se destacaram em suas carreiras por possuírem uma superdotação - uma inteligência acima da média em uma ou múltiplas áreas. Mas, por essas inteligências serem tão variadas e se manifestarem de tantas formas, é difícil identificar e classificar uma pessoa superdotada. (Existe algum superdotado na sua família? Conte sua história!) De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os superdotados são 3,5% da população. Especialistas em alta inteligência, no entanto, acreditam que esta estatística é conservadora e que os superdotados representam cerca de 7% ou 8% da população.
Os sinais de alta inteligência em uma ou várias áreas costuma se manifestar no início da infância. A educadora Susana Pérez, presidente do Conselho Brasileiro para Superdotação (ConBrasd), explica que crianças que demonstram muita habilidade em uma ou várias áreas de conhecimento precisam ter algumas características específicas para que sejam consideradas superdotadas, e não apenas precoces ou estudiosas.

Ela deve apresentar uma capacidade acima da média em alguma habilidade, ser muito criativa em sua área de interesse e mostrar um envolvimento ou uma dedicação fora do comum naquele assunto. Ter apenas uma excelente memória, por exemplo, não é sinal de superdotação - explica a educadora.

As características de um superdotado
Crianças com uma inteligência acima da média apresentam, desde muito pequenos, características como muita criatividade, curiosidade para assuntos variados e vontade de lidar com novos estímulos. Além disso, costumam aprender a ler e a escrever sozinhas, desenvolvem a linguagem precocemente, tendem a se associar a crianças mais velhas, demonstram liderança e têm capacidades incomuns para sua idade.
- Aos dois anos, uma criança com alta habilidade pode falar sem nenhuma dificuldade ou quase nenhum erro de linguagem, perceber rimas e entender metáforas e piadas. Aos quatro, é aquela que sabe argumentar, lida de forma extremamente criativa com situações que nunca enfrentou antes e, quando brinca, explica o que está fazendo, desenvolve estratégias e se planeja - avalia a pedagoga Ieda Cury, especialista em educação infantil.
Como estas características são muito subjetivas, só um profissional vai conseguir identificar se uma criança é superdotada ou não. Segundo Ieda, muitos pais costumam achar que seus filhos são geniais quando, na verdade, são apenas precoces ou muito estimulados desde o nascimento.
A avaliação para saber se uma criança é superdotada ou não vai depender de sua faixa etária, da sua capacidade em relação às crianças com as quais convive, o local onde ela mora, seu nível social e mais uma série de fatores. Normalmente, o especialista vai definir se a criança tem uma alta habilidade depois de um tempo de observação, de conversas com seus familiares e professores, e da aplicação de alguns testes - diz Susana Pérez, da ConBrasd.
A especialista em superdotação enfatiza que o teste de QI deixou de ser a ferramenta principal na hora de definir quem tem uma inteligência acima da média.
- O teste de QI foi feito para avaliar pessoas brancas de classe média. Além disso, ele só mede um tipo de inteligência, e hoje sabemos que elas são múltiplas. Existe o músico com ouvido absoluto que pode ser uma negação em matemática, o jogador de futebol que é insuperável em campo e mal sabe escrever e por aí vai - diz Susana.
Educação diferenciada é essencial
O neuropediatra Milton Genes, do Centro de Avaliação de Desenvolvimento Infanto-juvenil, lembra que crianças com inteligência acima da média devem ser acompanhadas de perto por psicólogos, professores e pedagogos para não perderem o interesse na escola.
Além disso, os pais devem ensinar o filho superdotado a lidar com as diferenças, não colocá-lo em um pedestal e nem reprimir sua curiosidade e constante busca por aprendizado.
Pais de superdotados devem ter muito cuidado para não deixar seus filhos se tornarem manipuladores, impacientes ou arrogantes - alerta Ieda Cury.
Susana Pérez enfatiza que uma atenção especial deve ser dada ao superdotado que entra na adolescência, fase em que muitos costumam negar seus talentos.
- Por medo de não ser aceito pelos colegas, o superdotado pode se sabotar, tirando notas baixas em provas ou matando aulas. É a fase em que mais aparece o medo de ser diferente. Pais de superdotados precisam ter a sensibilidade para ensinar seus filhos que eles são diferentes, mas que isso não os torna nem melhores ou piores que os outros - diz Susana.
Fonte: Maria Vianna, especial para O Globo Online

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