terça-feira, 26 de maio de 2015

Garoto de 14 anos cria aplicativo e fatura cerca de R$ 100 mil por mês

David Braga é um empreendedor mirim que criou um aplicativo para 
vender material escolar na internet, com quase 3 mil clientes já cadastrados.




Tem gente que começa a ganhar dinheiro bem antes de entrar na universidade. É o caso do David, de 14 anos, que inventou um aplicativo para vender material escolar na internet.
Sair com os amigos, estudar. É assim a rotina de muitas crianças e adolescentes brasileiros.

O David faz tudo isso. Divide o tempo entre o lazer e os estudos. A diferença é que esse adolescente de 14 anos também trabalha, e muito. É um empreendedor precoce e a criação dele fatura R$ 100 mil por mês. 

É um aplicativo que agiliza a compra de material escolar, sem precisar ir à livraria. Basta preencher os campos com o nome do colégio e a série do aluno, que todos os itens aparecem assinalados. 

"É muito simples: é uma lógica invertida de e-commerce. Onde as pessoas entram lá, já vai estar tudo selecionado, por isso a lógica invertida, então o que já tem, ela apenas desseleciona", diz David Braga, empreendedor mirim. 

A compra leva menos de cinco minutos. A startup tem quase 3 mil clientes cadastrados só em Alagoas. 

“Ele assim fez uma coisa muito bem feita com opção de escolha de capa de caderno, de tipo de borracha, então achei bem interessante e que vale muito a pena”, conta a empresária Carla Simões. 

O dinheiro é rigorosamente controlado pelos pais e a renda é quase toda revertida para investimentos futuros. 

"O plano é todo para reinvestir no próprio negócio dele e no material de trabalho dele que ele investe", diz a empresária Cristiana Peixoto Braga, mãe de David. 

Um especialista do Sebrae dá dicas de como os pais devem agir quando percebem a vocação dos filhos para o empreendedorismo. 

"Transformar essa ideia de negócio em um modelo de negócio e em um plano de negócio, com orientação técnica e empresarial, mas mais uma vez investindo nas relações humanas dentro da família. Explorar a ideia de negócio e não a criança como um negócio", afirma Marcos Alencar, especialista em empreendedorismo. 

"Eu brinco, eu bagunço, eu paquero, namoro, faço de tudo que um adolescente, uma criança normal faz. E ainda dá tempo para empreender. Você vai falhar várias vezes. Mas não desista, você consegue", orienta o empreendedor mirim David Braga.

Fonte: Amorim Neto
Maceió, AL

sexta-feira, 22 de maio de 2015

PROMESSA DE NOVA JÓIA DO FUTEBOL BRASILEIRO GAROTO PRODÍGIO NÃO VIRA REALIDADE

Meia-atacante chega à marca de 10 dispensas na carreira com apenas 20 anos


Pelo que foi apurado pela reportagem, Jean Chera nunca caiu nas graças da comissão técnica. Descompromissado nos treinos, ele não demonstrava intensidade nos trabalhos. Para piorar, o percentual de gordura do atleta sempre esteve acima do estipulado no Dourado. Enquanto os atletas atingem no máximo 10 de percentual, Jean Chera nunca baixou de 14. 

As constantes baladas do atleta também não caíram bem na equipe. Por diversas vezes ele foi multado por não acatar as ordens da diretoria e comissão técnica. Em recente entrevista, Jean falou do sistema tático do Cuiabá em que praticamente todos os atletas têm que marcar. Ele afirmou que não se encaixava nesse estilo de jogo. 

- Sigo me esforçando nos treinos, mas não tenho tido oportunidades. O Cuiabá tem um estilo de jogo que não me favorece. Porém não vou desistir de tentar - disse, no dia 16 de abril, sentado nas arquibancadas da Arena Pantanal, enquanto o Cuiabá empatava com o Luverdense pela Copa Verde. 
Assim que foi apresentado no Dourado, a esperança era que finalmente Jean Chera emplacasse no futebol. Perto da família - que mora em Vera (460 km de Cuiabá) -, na disputa de um torneio estadual considerado mais fraco e mais maturidade foram apontados como alguns dos motivos para um possível sucesso. Em vão. 

A reportagem entrou em contato com o jogador, mas ele afirmou que não irá se manifestar sobre a saída por enquanto. 

Apontado desde o começo da carreira no Santos como o Messi de Mato Grosso, Jean Chera treinou com Neymar, sendo ambos apontados como futuro do futebol brasileiro. Agora, ele acumula 10 equipes com apenas 20 anos: Santos, Genoa-ITA, Flamengo, Atlético-PR, Cruzeiro, Oeste, CS Universitatea Craiova-ROM, Pinheiros-SC, Paniliakos-GRE e, por fim, Cuiabá. 
Jean Chera Arena Pantanal 2015 (Foto: Olímpio Vasconcelos)Jean Chera pouco tocou na bola quando entrou (Foto: Olímpio Vasconcelos)

Garoto de 11 anos recebe diploma de faculdade da Califórnia

Tanishq Abraham entrou para grupo de superdotados aos 4 anos.
Seu objetivo é um dia receber o Prêmio Nobel e ser presidente dos EUA.

Do G1, com informações da Reuters

No Twitter, Tanishq publicou uma foto na comemoração da colação de grau (Foto: Reprodução/Twitter/iscienceluvr)No Twitter, Tanishq publicou uma foto na
comemoração da colação de grau
(Foto: Reprodução/Twitter/iscienceluvr)
O estudante Tanishq Abraham tem apenas 11 anos, dois sonhos enormes e muita determinação para chegar lá. Nesta quarta-feira (20), o garoto recebeu seu diploma da American River College, uma faculdade comunitária de Sacramento, cidade americana que fica na Califórnia. Tanishq já fazia aulas lá antes mesmo de conseguir seu diploma do ensino médio, feito que ele conquistou aos 10 anos, em junho de 2014. O objetivo, segundo ele, é um dia receber o Prêmio Nobel de Medicina e ser eleito presidente dos Estados Unidos.

A precocidade de Tanishq não é recente: aos 4 anos, o menino foi aceito na Mensa, entidade que reúne pessoas com QI acima da média mundial, consideradas superdotadas.
Filho mais velho da veterinária Taji Abraham, e de um funcionário de uma firma de robótica, Tanishq deixou a escola aos 7 anos e recebeu educação em casa. As aulas de química e biologia eram com a mãe. Cálculo e trigonometria o pré-adolescente aprendeu com o pai. Mas, segundo a mãe afirmou à Reuters, "ele basicamente é autodidata".

A comemoração da graduação do jovem foi regada a bebida sem álcool em um restaurante. Tanishq publicou uma foto no Twitter tirada na festa que fez com a família na quarta, após a cerimônia de colação de grau. Na foto, ele mostra a decoração que fez do seu capelo: uma nave espacial e a frase "ao infinito, e além", citação do personagem Buzz Lightyear na animação "Toy Story".

O estudante conseguiu o diploma do ensino médio tão cedo porque foi aprovado no exame que o governo da Califórnia aplica a estudantes que queiram deixar o ensino médio antes de concluir todos os anos.

À rede de televisão NBC, o porta-voz da American River College confirmou que o estudante foi o mais novo a colar grau neste ano letivo, e que, apesar de a faculdade não ter todos os arquivos para confirmar, supõe-se que ele seja o mais novo da história da instituição a receber o diploma.

No ano passado, quando terminou o ensino médio, Tanishq planejava concluir seus estudos na faculdade comunitária de Sacramento e depois estudar na Universidade da Califórnia no campus de Davis, por causa da proximidade com a cidade em que mora a família.

Por sua vez, o plano de longo prazo – de um dia sentar na cadeira principal da Casa Branca – já deu pequenos passos: na época em que ele concluiu o ensino médio, o atual ocupante da Sala Oval, Barack Obama, enviou uma mensagem parabenizando o jovem, que inclusive mantém fãs nas redes sociais, como os mais de 30 mil seguidores no Twitter.
Aos 11 anos, Tanishq Abraham, dos EUA, conquistou o diploma do ensino superior (Foto: Reprodução/Twitter/iscienceluvr)Aos 11 anos, Tanishq Abraham, dos EUA, conquistou o diploma do ensino superior
(Foto: Reprodução/Twitter/iscienceluvr)

 

'O ensino não está pronto para receber superdotados'

Estimativa aponta que até 39 mil crianças sejam superdotadas no Paraná.
Dessas, apenas 526 em idade escolar recebem acompanhamento.

Samuel NunesDo G1 PR
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Instituto de Educação do Paraná foi o primeiro local a ter uma sala específica para atender os alunos no estado (Foto: Samuel Nunes/G1)Instituto de Educação do Paraná foi o primeiro local a ter uma sala específica para atender os alunos no estado (Foto: Samuel Nunes/G1)
A Organização Mundial da Saúde estima que de 3% a 5% da população mundial pode ser chamada de “superdotados”. No Paraná, de acordo com a Secretaria de Educação (Seed), o número de alunos com essa condição, entre o 6º ano do ensino fundamental e o 3º ano do ensino médio, pode chegar a 39 mil pessoas.
Para o professor André Ribas, que há quase nove anos cuida da primeira sala de recursos destinada ao atendimento desses alunos no Paraná, um dos problemas que dificulta a identificação desses alunos está no próprio ensino. "A escola ainda é a mesma que eu frequentava há 20 anos, que meus pais frequentavam há 40. O ensino não está pronto para recebê-los”, acredita Ribas.
A preocupação dele é compartilhada pela Secretaria da Educação. Segundo a técnica pedagógica Denise Matos Lima, que trabalha no Departamento de Educação Especial e Inclusão Educacional, um dos motivos para o atendimento ainda não ter alcançado números maiores é a dificuldade de identificação dos alunos e a novidade que o atendimento diferenciado a eles representa na pedagogia. "As universidades ainda não formam os professores para identificar os alunos que possuem altas habilidades. Eles costumam receber formação justamente para o contrário, ajudar os alunos que têm dificuldades", diz.
Ribas diz que materiais usados com os alunos geralmente são doados (Foto: Samuel Nunes/G1)Ribas diz que materiais usados com os alunos geralmente são doados (Foto: Samuel Nunes/G1)
Descobrindo superdotados
O professor Ribas diz que um dos primeiros locais em que os alunos superdotados são identificados é dentro das próprias famílias. Ele explica que, para essas crianças, a fase dos "porquês" nunca passa. “Elas são mais curiosas e estão sempre questionando tudo e todos. Costumam chamar os professores de burros, às vezes não gostam de ir à escola, o que é óbvio, já que elas selecionam o que querem aprender. Quando algo não lhes interessa mais, passam para o próximo tópico”, conta.
Caso haja uma identificação das habilidades cognitivas do aluno, a criança é encaminhada para a sala de recursos. Dali, ela vai para uma avaliação com um psicólogo, que emite um laudo apontando os pontos em que a criança está acima da média e aqueles em que ainda precisa ter um acompanhamento melhor. “Nós também trabalhamos para deixar essa área [deficitária] o mais próximo possível da média dos demais alunos”, pontua Ribas.
Quando o laudo chega às mãos do professor que coordena a sala de recursos, é preciso encontrar formas de adaptar os materiais às habilidades que o aluno possui. Para isso, são usadas diversas ferramentas que variam desde jogos até projetos acadêmicos, em parceria com outras instituições de ensino e com a comunidade.
Atendimento
A sala comandada por Ribas funciona no Instituto de Educação do Paraná Erasmo Pilotto, emCuritiba. O projeto atualmente atende todo o público interno do colégio, mas em casos especiais acaba recebendo alunos de outras unidades de Curitiba. A escola possui alunos do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio.
Na sala, os alunos desenvolvem vários projetos que tentam se adaptar às necessidades e às curiosidades de conhecimento que os alunos possuem. Um deles, por exemplo, é uma oficina de robótica, que funciona em parceria com a Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UTFPR). Nela, três alunos do ensino médio tentam montar um pequeno robô para participar de uma competição. A iniciativa é patrocinada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Da mesma forma que aqueles que possuem dificuldades de aprendizagem, os alunos superdotados necessitam de acompanhamento diferenciado. No Instituto de Educação, a sala de recursos funciona no contraturno escolar.
O espaço, segundo Ribas, se adapta às necessidades de cada aluno. O professor pontua que a metodologia usada por ele contempla a superdotação pelas áreas de conhecimento. “Ninguém é bom em tudo. Ao todo, são 11 tipos de inteligência que a gente considera. Alguns são melhores em determinadas áreas, mas deficientes em outras”, diz o professor.
Gabriela Passos é uma das alunas atendidas no Instituto de Educação do Paraná, em Curitiba (Foto: Samuel Nunes/G1)Gabriela Passos é uma das alunas atendidas no Instituto de Educação do Paraná, em Curitiba (Foto: Samuel Nunes/G1)
Competição de robôs
Gabriela de Abraão Passos, de 15 anos, é uma das alunas que participam do projeto. Ela conta que procurou, por conta própria, há um ano, a sala de altas habilidades porque se interessou na ideia de aprender sobre computação. Antes de aprenderem robótica, os alunos passaram por outra oficina, de programação.
“Eu sempre tive curiosidade. Gosto de descobrir várias coisas e por isso acabei entrando no projeto”, diz Gabriela. A menina diz que sempre sentiu mais facilidade nas matérias de Química, Física e História. “São temas que eu gosto bastante”, conta. Segundo ela, os meses que passou aprendendo a programar já fizeram pensar em seguir a carreira como engenheira de computação.
Da parte da UTFPR, duas alunas do curso de engenharia de computação ministraram aulas ao grupo do Instituto de Educação. Kaya Sumire Abe e Bianca Alberton passaram os últimos meses explicando aos alunos o processo de construção de um robô.
Bianca diz que o grupo não teve o rendimento esperado na oficina e acha difícil que consigam montar o robô a tempo da competição, que deve ocorrer em cerca de um mês. “Acho que um dos motivos foi porque não conseguimos passar como se fazia a programação. Mesmo assim, o pessoal da faculdade de engenharia demora bastante a conseguir. Mas para o próximo ano acredito que eles já consigam montar um”, diz.
Teatro, jogos e outras atividades são usadas para incentivar as áreas de inteligência dos alunos (Foto: Samuel Nunes/G1)Teatro, jogos e outras atividades são usadas
para incentivar as áreas de inteligência dos alunos
(Foto: Samuel Nunes/G1)
Objetivos do atendimento
O sucesso ou fracasso no concurso de robôs, porém, não é o que move os objetivos da sala de recursos. De acordo com Ribas, o projeto visa ajudar os alunos com altas habilidades a se encontrar e a se relacionar melhor com os colegas. “Muitos deles chegam aqui e dizem ‘esse é um lugar em que vão me entender’”, conta o professor.
Segundo ele, a maior parte desses alunos é incompreendida pelos colegas e até por alguns professores, que os veem como pessoas problemáticas. “Ele [aluno] é incompreendido, porque a gente não tem paciência para ouvir”, diz.
É a situação de Gabriela, por exemplo. A menina diz que os conflitos com professores sempre foram constantes. "Às vezes, não concordo com o que eles dizem ou com a forma como ensinam", lembra.
Mitos dos superdotados
Um dos principais mitos em relação aos alunos superdotados é chamá-los de gênios. “Gênio é aquele que deixou alguma contribuição para a sociedade. Steve Jobs foi um gênio? Isso depende do ponto de vista. Do ponto de vista do design e do modo de se usar computadores, sim”, argumenta Ribas. Para ele, o conceito de “gênio” é relativo e depende do contexto em que se avalia cada caso.
Da mesma forma, os alunos superdotados nem sempre tiram as maiores notas em todas as matérias na escola. “Tem muitos superdotados que tiram zero e reprovam, seja por não gostarem da matéria, seja por pirraça ou até por dificuldade em entender aquele conteúdo”, diz.
Tem muitos superdotados que tiram zero e reprovam."
André Ribas, professor
'Altas habilidades' X 'superdotados'
Embora pareça pequena, existe uma diferença de significados entre os dois termos. Ribas explica que o conceito de aluno superdotado trabalha apenas com dois tipos de inteligência e privilegia a facilidade acadêmica das crianças. Dessa forma, pessoas que têm a possibilidade de se destacar em outras áreas, acabavam sendo excluídas do atendimento especial. "Um jogador de futebol pode um superdotado, mas isso não significa que ele seja bom na escola", pontua.
Segundo ele, o termo "altas habilidades" é o que mais tem aparecido entre as pessoas que estudam o tema atualmente. Esse conceito atua nas várias inteligências que as pessoas podem desenvolver. Assim, conforme o professor, é possível pensar em atividades que possam ampliar as habilidades cognitivas específicas de cada aluno, evitando, inclusive, que saiam da escola.
Outros locais de ensino
A Secretaria de Educação informou que as salas especiais de atendimento aos alunos superdotados estão disponíveis em 28 cidades do Paraná. Ao todo, 54 escolas oferecem o serviço. Denise Matos diz que o objetivo da Secretaria da Educação é expandir o projeto aos poucos, até chegar a outras cidades. "Nosso primeiro passo é formar um grupo de multiplicadores, que possam passar os conhecimentos nessa área a outros professores", diz.
Ela ainda revela ainda que a Secretaria da Educação e o Conselho Brasileiro para a Superdotação estão organizando um congresso internacional sobre o tema, que deve ocorrer em Foz do Iguaçu, em 2014. "A escolha da cidade foi justamente para ampliar a nossa atuação nas cidades da região. Nesses eventos, além de professores, sempre aparecem pais interessados no tema", conta.
Abaixo, você pode conferir a lista de cidades que disponibilizam a atenção especial. Nos núcleos regionais de educação é possível saber quais escolas estão aptas a receber os alunos que apresentam superdotação. De acordo com a Secretaria da Educação, nenhuma escola particular dispõe de atendimento especializado.
Cidades com atendimento especializado no Paraná
PinhaisCampo LargoCampo MourãoFazenda Rio Grande
São José dos PinhaisCascavelCorbéliaCuritiba
Francisco BeltrãoGuarapuavaCambaráLondrina
RolândiaMaringáSarandiColorado
Pato BrancoChopinzinhoCoronel VividaItapejara do Oeste
PitangaPonta GrossaToledoUmuarama
IporãUnião da VitóriaJaguariaívaSão José da Boa Vista

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Escola de gênios transforma jovens em líderes para um mundo melhor

Uma escola em São José dos Campos, interior de São Paulo resolveu inovar no ensino para crianças que têm inteligência acima da média. A instituição tem um método diferenciado voltado para estes alunos a fim de transformá-los em líderes para um mundo melhor. As turmas são definidas de acordo com o potencial de cada aluno, e não por idade como nas escolas regulares.

A Dificuldade de Ser Superdotado

Por trás de uma criança que vai mal na escola pode haver uma capacidade cognitiva privilegiada. Psiquiatras e psicólogos começam a compreender como essa característica pode se tornar uma desvantagem. 

Revista Scientific American - por Marie-Noële Ganry-Tardy

Julien quase não se envolve nas aulas, não faz lições e mostra pouco interesse por outras crianças. Ele assiste a distância à brincadeira dos colegas e jamais participa diretamente. Em casa, é considerado um menino "bom para nada". Diante disso, a diretora da escola aconselha seus pais a consultar um pedopsiquiatra. No ambiente tranquilo do consultório, o médico conquista sua confiança e propõe-lhe problemas dissociados de qualquer conotação escolar. Nesses testes de inteligência, o menino obtém resultados excepcionais. Julien é superdotado, com quociente intelectual (QI) próximo de 150, quando as outras crianças têm em torno de 100. Surge assim a questão: quantas crianças que fracassam na escola são superdotadas? É este paradoxo que abordaremos.

A diferença entre crianças precoces e superdotadas é simples: falamos em criança precoce quando seu Ql é superior a 130, e em superdotada quando excede 145. Às vezes uma nuance é introduzida: a criança superdotada possui um dom que nem sempre é fácil de ser percebido, acompanhado de um comportamento extrovertido ou introvertido, ao passo que a precoce é identificada mais facilmente: ela fala mais cedo que a média, tem vocabulário rico, sintaxe correta, gosta de ler, é curiosa e tem sede de aprender.

Na Universidade de Lille, na Françar Jean-Claude Grubar mostrou que o sono das crianças precoces comporta fases de sono paradoxal (o momento em que ocorrem os sonhos) mais longas. As fases de sono paradoxal são longas nos bebês de 9 a 10 meses, diminuindo nas crianças. Além disso, os movimentos dos olhos (nas fases de sono paradoxal) são quase duas vezes mais frequentes nos superdotados, uma característica de adultos. Essas particularidades refletiriam uma capacidade de organizar, durante essas fases do sono, as informações acumuladas durante a vigília.

No cotidiano, as crianças precoces ou superdotadas se distinguem por uma série de detalhes quer para qualquer um que já esteve com elas, dificilmente passam despercebidas. Em primeiro lugar, desde o nascimento, os bebês são despertos, atentos e emotivos. Desde cedo eles fitam intensamente seus pais, manifestando uma atenção contínua. Quando crescem, os superdotados desenvolvem uma grande sensibilidade, informando-se de tudo o que ocorre ao seu redor. São atentos, empáticos (permeáveis aos sentimentos do outro, sentindo a alegria e a tristeza com mais intensidade) e lúcidos: desde os 2 ou 3 anos analisam e participam das conversas dos adultos, falando sobre temas da atualidade, por exemplo. Aos 6, uma criança superdotada pode compreender conceitos difíceis: enquanto uma criança "norma" define palavras como tampa, oceano ou perigo, a superdotada conhece o sentido de polêmica, insinuar ou apogeu. Seu senso de humor também costuma ser bastante vivo, sem contar a elevada capacidade de adaptação: quando em outro país, contam rapidamente na moeda local, habituam-se às características da língua e se localizam facilmente nos lugares públicos.

Uma criança precoce ou superdotada costuma ler muito e gosta de aprimorar incessantemente um desenho que começou. Sua concentração é excepcional. Algumas têm um desenvolvimento motor avançado: aprendem a andar muito cedo, sabem coordenar os movimentos e desenham bem. Suas referências espaciais e temporais são aguçadas. A memória, a criatividade e a imaginação são muito desenvolvidas, assim como a flexibilidade do pensamento, e se sentem atraídas por adultos ou crianças mais velhas. Tendem ainda a formular várias questões sobre o sentido da vida ou do Universo.

• Grão de areia

Uma das características predominantes das crianças superdotadas é a lucidez, que se manifesta na facilidade com que compreendem, desde cedo, conceitos dos adultos. Voltadas para a abstração, são fascinadas pela ideia da morte. Diante de qualquer situação, percebem imediatamente os riscos, as possibilidades de fracasso ou de derrota. Essa consciência pode paralisá-Ias. Em vez de enfrentar um exame escolar, por exemplo, respondendo às questões uma após a outra, uma criança superdotada ou precoce analisa a todo instante os riscos ligados a uma resposta errada. É claro que muitos superdotados dominam essa angústia e obtêm resultados brilhantes. Entretanto, basta um pequeno grão de areia na engrenagem para que a criança se feche perigosamente em si mesma.

Retomemos ao caso de Julien. O medo de se sair mal era, sem dúvida, a razão de seus resultados ruins na escola. Com medo de ser avaliado por outras crianças, ele se distanciava. Suas verdadeiras capacidades intelectuais só se revelaram quando ficou à vontade com o psiquiatra e soube que os testes a que seria submetido não teriam nenhuma consequência. A obsessão do fracasso é geralmente a causa dos transtornos manifestados por crianças superdotadas. O problema é agravado em duas situações frequentes: a dislexia e os problemas motores.

Como ocorre em relação às outras crianças, de 8% a 10% das superdotadas são disléxicas, isto é, têm problemas para aprender a ler e escrever. Essas dificuldades, quando não detectadas, são prejudiciais a todas as crianças, mas nas superdotadas as consequências são desproporcionais. Para diagnosticar um caso de dislexia, utilizamos o chamado teste de inversão. A criança é apresentada a pares de signos (letras, formas geométricas, objetos) idênticos, diferentes ou invertidos. Geralmente, no maternal o aluno já dispõe os objetos, classificando-os segundo as categorias: idêntico, diferente ou invertido. Aquele que confunde as categorias é provavelmente disléxica, pois não tem a noção correta da orientação das letras, dos grupos de palavras ou dos sons.

Aos 5 ou 6 anos, os superdotados constatam que compreendem tudo, mas não tiram boas notas. Eles sofrem de um conflito entre sua lucidez (eles sabem o que se espera deles) e as notas baixas que recebe: não compreendem por que não têm um bom desempenho. Assim, com uma imagem depreciada de si mesmos, eles podem se fechar e perder o interesse pelo que Ihes é ensinado. Nessas crianças, vários sinais de sofrimento psicológico chamam a atenção: resultados escolares medíocres, ansiedade, depressão ou agravamento da dislexia. Além disso, a percepção que têm da justiça torna insuportável para elas as punições que consideram desmerecidas. Em consequência, fecham-se ainda mais na solidão.

O segundo fator que agrava o temor do fracasso é o surgimento de problemas motores ou de orientação espacial, que se manifestam por vezes desde os 3 anos. As crianças superdotadas podem, como quaisquer outras, experimentar atrasos no desenvolvimento da orientação espacial. Como são mais lúcidas, surge um conflito. Se o teste de QI não for analisado com discernimento, os resultados poderão ocultar a causa dos problemas. Assim, uma criança superdotada mas que apresenta problemas de orientação espacial obterá excelentes resultados nas provas verbais, e desastrosos nos testes de orientação em um labirinto. O resultado do teste, que leva em conta as duas notas, será medíocre, e ela será considerada de nível médio e tratada como tal, o que reforçará seu sentimento de injustiça.

Numa criança superdotada, a distância entre a sua expectativa e o resultado obtido é capaz de levar a um impasse do qual ela dificilmente sairá. Isso explica o grande número de crianças muito inteligentes que fracassam na escola. A melhor forma de impedir esses fracassos consiste em diagnosticar a precocidade o mais cedo possível, tratando das dificuldades desde os primeiros sintomas. Um tratamento ortofônico para corrigir uma dislexia manifestada no final do maternal leva de 6 a 18 meses para surtir efeitos.

Para avaliar o atraso no desenvolvimento da orientação espacial, comparamos os resultados obtidos nas provas de performance dos testes de QI (percepção do espaço, quebra-cabeças e imagens complementares, identificação de códigos) e nas provas verbais. Se a distância entre o resultado da prova verbal e o do teste de performance geral for inferior a 10 pontos, será preciso observar melhor o desenvolvimento da criança para descobrir qualquer evolução desfavorável. Se a distância se situar entre 10 e 20 pontos, aconselha-se um acompanhamento psicomotor. Se for superior a 20 pontos, uma terapia familiar.

Na terapia familiar, os pais são atendidos junto com a criança e a história da família é evoca da. O objetivo é "dissolver" as inibições, procurando o que lhe suscita o temor do fracasso. Nas que sofrem de problemas motores ou de orientação espacial, constatamos que receiam executar gestos cotidianos, como amarrar os sapatos. Elas sabem que, se tentarem, se atrapalharão e serão alvo das chacotas dos colegas. Ao indagar os pais sobre essas questões simples, o psicoterapeuta constata que eles, muitas vezes, acentuam a falta de autonomia dos filhos ao tentarem ajudá-Ios. O psicoterapeuta deve ensinar a criança a reconquistar sua autonomia, fazendo-a compreender a importância disso e aceitar a ideia do fracasso. Paralelamente, ela deve ser acompanhada por um especialista em psicomotricidade, que corrigirá seus movimentos e a ensinará a distinguir o lado direito do esquerdo. O terapeuta construirá referências espaciais por meio de desenhos e jogos.

• Arte e esporte

As crianças superdotadas ou precoces correm um sério risco de desenvolver uma falsa personalidade ou, na linguagem dos psiquiatras, um falso eu. Qual a origem do risco? Quando depende excessivamente dos pais, a criança realiza esforços desmedidos para oferecer-Ihes a imagem que acredita corresponder às expectativas deles. Essa distorção da personalidade pode ocorrer com qualquer criança, mas as consequências são mais profundas nas superdotadas, que sentem intensamente as emoções e reações íntimas das pessoas próximas. Se perceber o menor descontentamento nos pais, fará tudo para não provocá-Io novamente. O psicoterapeuta e os pais deverão propor-lhe uma série de atividades, para que escolha sem constrangimentos e sem que os pais expressem opiniões. Mas será preciso evitar que mude frequentemente de atividade, algo que poderia desestabilizá-Ia.

Essas armadilhas não significam, entretanto, que crianças superdotadas sejam eternas vítimas de sua inteligência superior. Muitas delas experimentam um desenvolvimento motor e psicológico harmonioso. Podem ajudar os outros no plano afetivo, técnico, artístico, esportivo ou científico. É aconselhável, no período do maternal, passá-Ias para uma classe mais adiantada. Mas talvez seja melhor alimentar as capacidades lúdicas da criança, suas aspirações culturais ou esportivas, estimulando-a a manter ocupadas suas faculdades intelectuais, geralmente mais vivas.
Um diagnóstico sistemático do estado psicológico deveria ser feito antes dos 6 anos, no primeiro trimestre do maternal e durante o primeiro e segundo anos do 1 º grau. Infelizmente, os pais recusam-se a submetê-Ias a tais testes, temendo que sejam vistas como diferentes das outras. 

Saiba mais 
L'enfanl surdoué: I'aider à grandir, I'aider à réussir. J. Siaud-Facchin. Ed. Odile Jacob, 2002. 
Educação da criança excepcional. Samuel Kirk, James Gallagher, Editora Martins Fontes, 2000. 
O indivíduo excepcional. C. W. Telford & j. M. Sawrey. Editora LTC., 1988.

Conceito de Altas Habilidades/Superdotação

As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica do Ministério da Educação (2001), considera crianças superdotadas e talentosas as que apresentam notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica específica, pensamento criador ou produtivo, capacidade de liderança, talento especial para as artes e capacidade psicomotora.

Segundo o Centro para o Desenvolvimento do Potencial e Talento - CEDET do município de Lavras - MG, as pessoas com altas habilidades/superdotação são aquelas que se destacam no seu grupo comparável, por apresentar sinais de capacidade, desempenho e produção superior em um ou mais dos diversos domínios de capacidade:

- Domínio da Inteligência (Pensamento linear e não linear).
- Domínio da Criatividade (artes, originalidade e fluência na produção de idéias e ações).
- Domínio da Capacidade Sócio-Afetiva (Liderança, relações humanas).
- Domínio das Habilidades Sensório-motoras (esportes e exercícios físicos).

Renzulli e Reis, fazem uma distinção entre ser superdotado, um conceito absoluto e em poder desenvolver comportamentos de superdotação, um conceito relativo que pode variar em graus de comportamentos de superdotação que podem ser desenvolvidos em algumas pessoas, em certo tempo e sob certas circunstâncias. Renzulli define supredotação a partir da Concepção dos Três Anéis:
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RENZULLI, J.S. & REIS, S.M. (1997, p 73). The schoolwide enrichment model: A how-to guide for educational excellence (2ª ed.). Mansfield Center, CT: Creative Learning Press.

Como reconhecer a criança com altas habilidades:

- Desenvolvimento físico precoce: sentar, engatinhar e caminhar antes do normal.
- Linguagem adquirida mais cedo, progredindo rapidamente para sentenças complexas, apresentando abundante vocabulário e estoque de conhecimento verbal.
- Curiosidade intelectual, com elaboração de perguntas profundas e persistência até alcançar a informação desejada.
- Aprendizagem rápida, com instrução mínima (pouca ajuda ou estímulo de adulto).
- Alta persistência e concentração, quando estão interessados.
- Alto nível de energia, que pode levar a hiperatividade, quando são insuficientemente estimuladas (às vezes necessitam de menos horas de sono do que o normal para a idade).
- Interesses quase obsessivos em áreas específicas, a ponto de se tornarem especialistas nesses domínios.

Habilidades Escolares:

- Apresentam leitura precoce (por volta dos quatro anos ou antes), com instrução mínima.
- Fascínio por números e relações numéricas.
- Memória prodigiosa para informação verbal e ou matemática.
- Destaque em raciocínio lógico e abstrato.
- Dificuldades com ortografia, uma vez que pensam mais rápido do que conseguem escrever.
Fatores Sócio-Emocionais:
- Freqüentemente brincam sozinhas e apreciam a solidão (por não terem outras crianças de sua idade com o mesmo interesse, ou por se sentirem diferentes).
- Preferência por amigos mais velhos.
- Interesse por problemas filosóficos, morais, políticos e sociais.
- Em decorrência de suas altas habilidades verbais, apresentam alto senso de humor.

Mitos:
- Auto-suficientes.
- Crianças superdotadas e criativas:
- Fisicamente debilitadas.
- Socialmente inaptas.
- Reservadas em seus interesses.
- Propensas a instabilidade emocional.
- Fazem tudo direito.
- Têm recursos suficientes para desenvolver habilidades e produzir conhecimento.
- Vêm de famílias de alto poder aquisitivo.
- Para eles tudo é fácil, portanto, não precisam esforçar-se.
- A superdotação é uma característica fixa que perdura pela vida.
- Superdotação é sinônimo de genialidade.
- O superdotado se destaca, especialmente, em termos de rendimento acadêmico.
   [4]Winner, E.(1998). Crianças superdotadas: mitos e realidades. Porto Alegre: Artmed.


Terminologias:
Precoce -
 criança que apresenta alguma habilidade especifica prematuramente desenvolvida em qualquer área do conhecimento (na música, na matemática, na linguagem ou na leitura, entre outras).

Prodígio - sugere algo extremo, raro e incomum, fora do curso normal da natureza. Um bom exemplo de criança prodígio é Mozart que com três anos de idade já tocava piano. Outro exemplo é o pianista, catarinense, Pablo Rossi que como 11 anos de idade, interpretava com maestria, Chopin, Bartók, Schumann e Tchaikovsky entre outros.

Gênio - termo reservado para aqueles que deram contribuições extraordinárias à humanidade. Exemplos - Freud, Einstein, Gandhi.
Como reconhecer a criança com altas habilidades:

- Desenvolvimento físico precoce: sentar, engatinhar e caminhar antes do normal.
- Linguagem adquirida mais cedo, progredindo rapidamente para sentenças complexas, apresentando abundante vocabulário e estoque de conhecimento verbal.
- Curiosidade intelectual, com elaboração de perguntas profundas e persistência até alcançar a informação desejada.
- Aprendizagem rápida, com instrução mínima (pouca ajuda ou estímulo de adulto).
- Alta persistência e concentração, quando estão interessados.
- Alto nível de energia, que pode levar a hiperatividade, quando são insuficientemente estimuladas (às vezes necessitam de menos horas de sono do que o normal para a idade).
- Interesses quase obsessivos em áreas específicas, a ponto de se tornarem especialistas nesses domínios.


Núcleo de Atividade de Altas Habilidades/Superdotação do Estado de Santa Catarina.

Referências teóricas sobre tipos de inteligência



Robert J. Sternberg - representante do enfoque cognitivo da inteligência, considerando-a como habilidade de resolver novos problemas intelectuais. Propõe três tipos básicos de inteligência:

Inteligência analítica - direcionamento consciente dos processos mentais para se analisar e avaliar idéias, resolver problemas e tomar decisões.

Inteligência criativa - habilidade de ir além da idéias já conhecidas para gerar novas e interessantes idéias.

Inteligência prática - habilidade de traduzir teoria em prática e idéias abstratas em realizações práticas. 

ALENCAR E. M. L. S.; FLEITH, D. de Souza. Superdotados: determinantes, educação e ajustamento, 2001.
Howard Gardner - considera a inteligência como a capacidade de resolver problemas e de elaborar produtos que são importantes em um determinado ambiente ou comunidade cultural. Ele organiza a inteligência em oito blocos:

Inteligência lingüística - inclui habilidades envolvidas na leitura e escrita.
Inteligência lógico-matemática - envolve computação numérica, solução de quebra-cabeças lógicos e a maioria do pensamento científico.
Inteligência espacial - envolve a habilidade de representar e manipular configurações espaciais.
Inteligência musical - capacidade de cantar, tocar instrumentos, conduzir um orquestra.
Inteligência cinestésica - capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos utilizando o corpo inteiro ou partes.
Inteligência interpessoal - capacidade de compreender outras pessoas.
Inteligência intrapessoal - capacidade de compreender a si mesmo.
Inteligência naturalista - diz respeito à habilidade de ver padrões complexos no ambiente natural.
Inteligência existencial ou espiritualista - se refere a coisas espirituais e existenciais, como a vida, a morte e as realidades supremas.
 GARDNER, H. (1995). Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas.