segunda-feira, 15 de julho de 2013

SERÁ QUE SEU FILHO É SUPERDOTADO?

Geralmente, quando pensamos em superdotados, imaginamos aquele garoto “nerd” de óculos, estudioso ou aquele geniozinho cientista. Acontece que esses estereótipos nem sempre revelam um superdotado e, certamente, não abarcam a totalidade de perfis de pessoas superdotadas. Os Portadores de Altas Habilidades, como também podem ser chamados os superdotados, são curiosos, criativos e aprendem tarefas com facilidade. Muitas vezes, surpreendem os pais com habilidades precoces, vocabulário avançado em comparação com crianças da sua idade e raciocínios complexos.
 
Ser um superdotado, ou Portador de Alta Habilidade (PAH), significa situar-se acima da média das pessoas em relação a alguma habilidade relevante. As características pessoais dos superdotados variam muito, mas existem alguns traços comuns entre eles.
 

Confira algumas características de superdotados:

·        Rapidez e facilidade para aprender, abstrair ou fazer associações;
·        Criatividade;
·        Capacidade para analisar e resolver problemas;
·        Independência de pensamento;
·        Habilidade excepcional para esportes, música, artes, dança, informática ou outros talentos;
·        Curiosidade e senso crítico exagerados;
·        Senso de humor;
·        Investimento nas atividades de interesse e descuido com as demais;
·        Bom relacionamento social e liderança;
·        Aborrecimento com a rotina;
·        Hipersensibilidade.

Problemas comuns:
 
O que poucas pessoas sabem é que as crianças superdotadas nem sempre são bem-sucedidas. Se a inteligência privilegiada as ajuda a compreender mais facilmente problemas e situações, a falta de orientação pode atrapalhar o desenvolvimento psicológico e criar uma barreira para a inserção social. Pois, apesar da mente rápida, para o bom desenvolvimento emocional, essas crianças precisam das mesmas coisas que as outras (às vezes em maior quantidade): acolhimento, compreensão, sentimento de pertencer ao grupo (escola, família) e nem sempre isso ocorre pois, em primeiro lugar, elas são diferentes do grupo e percebem isso rapidamente; depois, a superdotação pode provocar desconforto nas pessoas (familiares, colegas, professores, etc.) que se relacionam com a criança, até mesmo sentimento de inferioridade, e isso pode prejudicar o relacionamento.
 
Muitos superdotados olham o mundo através de lentes de aumento e por serem diferentes da maioria, enfrentam dificuldades em se adaptar a um mundo que não foi feito para pessoas como eles. Outros, procuram diminuir a expressão do seu talento, procurando ficar mais parecidos com o grupo e isso pode acabar gerando apatia e desmotivação.
O resultado são adultos que desperdiçam potencial intelectual por dificuldade de se relacionar com o mundo exterior.
 
Alguns superdotados passam por dificuldades no relacionamento social. Muitas vezes procuram a companhia de pessoas mais velhas, na tentativa de encontrar parceiros com o mesmo nível intelectual ou o mesmo tipo de interesses. O medo de não ser aceito, especialmente na adolescência, pode levá-lo à ansiedade e a um maior envolvimento com atividades individuais.
 
Por outro lado, algumas crianças superdotadas precisam ficar sozinhas, talvez mais do que as outras crianças, para satisfazer seus interesses pessoais. Os pais precisam compreender e aceitar essa necessidade, desde que ela não se transforme num isolamento total.
 
A resistência em aceitar regras é normal entre os superdotados, pois muitas vezes eles não as consideram justas nem necessárias, ou não compreendem o seu objetivo. Os pais devem analisar os limites que estão impondo e explicar ao filho os motivos dessa conduta.
 
Outra dificuldade que a família costuma enfrentar é a falta de tolerância do superdotado. Ela deve ajudá-lo no processo de autoconhecimento, fazendo-o perceber que a convivência em sociedade exige esforço e compreensão de todas as pessoas.
 
A enorme curiosidade faz com que os PAHs procurem campos pouco explorados pelos outros, apresentando interesses exóticos. Isso pode acarretar dificuldades operacionais para a família. A solução é conversar com a criança ou adolescente e explicar quais são os limites de tempo, financeiros, por exemplo, que se apresentam. Como podem ser extremamente exigentes com seu desempenho, e igualmente criativos, talvez encontrem, junto com seus pais uma solução.
 
Os Portadores de Altas Habilidades podem ser classificados em diversos tipos, enquadrando-se em um ou mais de um, de acordo com o Ministério da Educação e da Cultura.
 
·        intelectual: costuma ser flexível, independente e mostra fluência de pensamento, produção intelectual, julgamento crítico e habilidade para resolver problemas;
·        social: revela capacidade de liderança, sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, sociabilidade expressiva, poder de persuasão;
·        acadêmico: demonstra boa capacidade de produção, atenção, concentração, memória, interesse e motivação pelas tarefas acadêmicas;
·        criativo: tem facilidade para encontrar soluções diferentes e inovadoras. Exprime-se bem, é fluente, original e flexível;
·        psicomotricinestésico: destaca-se pela habilidade e interesse por atividades físicas e psicomotoras, agilidade, força e resistência, controle e coordenação motoras;
·        especialmente talentoso: esse indivíduo tende a se destacar nas artes plásticas, musicais, literárias e dramáticas, revelando uma capacidade acima da média das pessoas em geral.
 

Conclusão:

Os pais precisam identificar, o quanto antes, a superdotação do filho e dar instrumentos para que ele possa colocar seu talento em prática. A observação da criança e a aplicação de testes de inteligência podem ser muito úteis. Um psicólogo pode ajudar e orientar os pais nesse processo.
Os pais de um superdotado precisam ser claros com seu filho, explicando que ele tem um talento especial, mas que não é melhor do que os outros. É importante ressaltar que no grupo social é a diversidade de talentos que traz a diversão e o desenvolvimento e que cada pessoa tem uma contribuição valiosa a dar.
Ele precisa ter a certeza de que seus pais o compreendem e de que poderá falar quando quiser sobre suas dificuldades. Dessa forma a família o ajudará a desenvolver uma boa autoestima.
Estimular a convivência com outras crianças, encontrando amigos capazes de desenvolver e compartilhar determinadas atividades e descobrindo os talentos complementares dos outros, também faz parte do papel dos pais.
Além disso, os pais precisam acompanhar seu filho na busca de materiais e informações que o ajudem a dar vazão à sua curiosidade. Se ele se gostar de ciência ou história, por exemplo, pais e professores deverão ajudá-lo a encontrar livros, sites e estudos interessantes sobre o assunto.
 
Mariana Milani - Psicóloga

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